Por Matheus Spiess
Diante de um ambiente de commodities ainda favorável e uma rotação setorial contínua de ações de crescimento para ações descontadas, Vale e Gerdau são bons nomes para o ano
As Olimpíadas de Inverno acabaram na China, mas pouco se leu ou ouviu sobre o evento diante do noticiário recente ao redor do mundo. As tensões no leste europeu entre Rússia e Ucrânia invadiram o mundo dos investimentos, conforme conversamos na semana passada, impedindo que as manchetes comentassem alguma outra coisa que não o conflito.
Ainda que o fluxo de notícias continue bastante associado aos problemas geopolíticos, a volta de um grande player como a China de uma maneira mais evidente para a realidade dos mercados é relevante, em especial para o universo das commodities, que foi preenchido pelo debate energético derivado da questão ucraniana.
Agora, podemos voltar a nos debruçar para além desta temática, abrindo espaço para que conversemos também sobre as commodities metálicas, como o minério de ferro.
Alta volatilidade
Dá máxima nas últimas 52 semanas, por volta dos US$ 230 por tonelada entre o segundo e o terceiro trimestre de 2021, o minério de ferro chegou a cair mais de 60% ao longo do segundo semestre, encontrando um ponto de inflexão ao final de novembro do ano passado.
Desde então, o minério sobe mais de 70% (reduziu a queda de suas máximas de 60% para 40%). Agora, sendo cotado ao redor de US$ 130/ton, a matéria-prima volta a chamar a atenção, em especial pela volatilidade verificada nas últimas semanas.
Isso porque, depois do rali rumo a quase US$ 150/ton, o minério de ferro negociado na bolsa de Dalian marcou sua queda semanal mais acentuada desde fevereiro de 2020.
Em outras palavras, os preços do minério de ferro reverteram o curso em dezembro de 2021, iniciando uma tendência de alta após o colapso em meados de 2021. Depois de embarcar em um aumento de longa data desde meados de 2020 e o rali excepcional no primeiro semestre de 2021, os preços caíram acentuadamente a partir de julho de 2021.
Mas o que aconteceu?
A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China indicou a alguns traders da matéria-prima para liberar estoques excessivos e reduzir os volumes a níveis razoáveis para conter um recente aumento nos preços. Adicionalmente, a bolsa de Dalian dobrou as taxas de transação para alguns contratos futuros de minério de ferro.
Na sequência, os investidores se mostraram preocupados com os esforços intensificados dos reguladores — anteriormente, o regulador de mercado em Qingdao, um dos maiores portos de minério de ferro do país, onde os estoques aumentaram rapidamente, já havia instaurado uma investigação conjunta para averiguar possível estocagem irregular para elevar os preços.
Perspectiva construtiva
Apesar do movimento ruim, ainda sigo construtivo para o minério de ferro, que deverá se manter em patamares elevados frente ao que apresentava antes da pandemia, em especial para fluxos de caixa na commodity.
Notadamente, existem fatores um pouco preocupantes para o setor a longo prazo, mas em 2022 entendo que ainda exista espaço para otimismo. Tal tom mais positivo deriva de uma visão favorável para o segmento nos próximos meses, o que apoiaria a força do minério de ferro neste ano.