Por Fernanda Pires e Hugo Passarelli | Valor
SÃO PAULO – (Atulizada às 10h31) A indústria brasileira do aço perdeu R$ 1,8 bilhão em decorrência da greve dos caminhoneiros no mês de maio e início de junho e o tabelamento do frete terá um impacto anual de mais de R$ 1,1 bilhão nesse setor. As estimativas são do presidente da Usiminas, Sergio Leite. “Tivemos 16 altos-fornos abafados, 10 aciarias paralisadas, 15 laminações paralisadas, entre tantos outros afetados”, disse em evento sobre infraestrutura, mobilidade e logística promovido pelo Lide, do Grupo Doria, em São Paulo.
Ao falar sobre o tabelamento do frete, que se tornou lei, Leite afirmou que há “reflexões que terão de ser endereçadas no nível do Supremo”. Para Leite, é “delicado” o governo voltar atrás na decisão de tabelamento.
O executivo afirmou que a tabela foi publicada “sem uma análise de impacto regulatório, utilizou como parâmetro um modelo único de veículo, sem diferenciação dos modelos de contratação e das particularidades regionais”. A perspectiva, disse Leite, é que haja um aumento de 12% no custo da cesta básica, queda nas vendas da indústria no patamar de 10% e aumento de frete envolvendo a indústria de São Paulo no valor de R$ 3,3 bilhões.
Ele defendeu também que a tabela do frete seja referencial, e não vinculativa, e tenha como modelo de cálculo o Custo Unitário Básico (CUB), usado na construção civil.
“O Brasil caminha para completar 200 anos de independência e essa crise ficará marcada na nossa história. Teve impacto muito grande em todos os segmentos da nossa sociedade, impacto na produção, nos estoques, na indústria da construção, afetou fortemente a confiança dos consumidores, empresários e toda a sociedade brasileira”, disse.
Leite destacou a necessidade de que o próximo governo trabalhe para acelerar o crescimento do Brasil. “Precisamos crescer no mínimo 3% ao ano e essa greve impactou a perspectiva para esse ano. Na minha visão, vamos crescer perto de 1%”.