Por Renato Rostás | Valor Econômico
SÃO PAULO – (Atualizada às 9h37) O lucro líquido atribuído a controladores da siderúrgica Gerdau recuou 45,9% no primeiro trimestre de 2018, ante os mesmos meses do ano anterior, e fechou o período em R$ 441 milhões. Em comparação com uma base artificialmente alta de 2017, a companhia mostra ainda que o lucro consolidado diminuiu 45,6%, para R$ 448,4 milhões.
Há 12 meses, a empresa havia embolsado R$ 858 milhões, já livres de impostos, em uma reversão de contingências, o que inflou o resultado. Se os números forem ajustados para retirar esses grandes efeitos não recorrentes, o grupo teria contabilizado prejuízo de R$ 34,1 milhões um ano atrás e lucro consolidado de R$ 451,1 milhões agora.
A virada no resultado veio tanto com elevação de preços médios quanto com volumes. No primeiro trimestre, a receita líquida da multinacional gaúcha totalizou R$ 10,39 bilhões, crescimento de 22,8% na mesma comparação anual. Por outro lado, os custos de venda aumentaram em ritmo menor, de 16%, para R$ 9,05 bilhões.
No relatório da administração que acompanha o balanço, a Gerdau explicou que a valorização internacional do aço e o maior custo de matéria-prima — neste caso, minério de ferro, carvão e sucata — foram grandes fatores que influenciaram os números de janeiro a março.
O resultado também mostra que as despesas com vendas somaram R$ 150,4 milhões e as gerais e administrativas, R$ 270 milhões, alta de 8,7% e recuo de 10,3%, respectivamente. O lucro operacional foi a R$ 963,5 milhões, queda de 20,2% — também com a base mais forte do ano passado.
Ainda conforme a Gerdau, seu resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) calculado pela instrução 527 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi de R$ 1,42 bilhão nos três meses até março, diminuição de 18,4%. Com os ajustes, cresceu 74%, para R$ 1,48 bilhão.
A companhia viu sua dívida líquida aumentar levemente durante o primeiro trimestre de 2018 e terminar março em R$ 13,47 bilhões. Sobre dezembro de 2018, a alta foi de 2,6%; ante o mesmo mês daquele ano, houve corte de 5,4%.
Os números apresentados pela siderúrgica mostram que o endividamento bruto correspondeu a R$ 16,72 bilhões, 1,3% acima do fim do ano passado. Já caixa, equivalentes e aplicações somaram R$ 3,25 bilhões, redução de 3,9% na mesma comparação.
De acordo com a companhia, 13% das obrigações financeiras encontram-se no curto prazo — ou seja, com vencimento em 12 meses. Além disso, 80% desse passivo está denominado em dólares. O custo médio ponderado da dívida bruta é de 6,6%.
Com a melhora considerável do desempenho operacional durante o trimestre, a alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda — ou quanto anos de geração do resultado levaria para amortizar o endividamento, considerando seu caixa — caiu de 3 vezes em dezembro para 2,7 vezes em março.
Apesar de ser menos custoso à Gerdau carregar essas obrigações, as despesas financeiras líquidas foram de R$ 342,6 milhões entre janeiro e março, contra receitas líquidas de R$ 53,7 milhões um ano antes. Isso se explica pelo ganho não recorrente da reversão de contigências em 2017.
Mesmo assim, as receitas financeiras recuaram 61,7% sem esse efeito, para R$ 31,3 milhões, e as despesas caíram 21%, para R$ 366 milhões. A variação cambial foi negativa em R$ 7,1 milhões.
Produção
A Gerdau produziu 4,17 milhões de toneladas de aço bruto no primeiro trimestre, alta de 3,7% na comparação anual. As vendas totais chegaram a 3,87 milhões de toneladas, crescimento de 7,8%.
“Em termos consolidados, a produção de aço bruto e as vendas consolidadas apresentaram aumento devido à maior demanda por aço, com destaque para as unidades Brasil e América do Norte”, explicou a companhia. Esse cenário fez com que a rentabilidade se elevasse em todas as áreas.
No Brasil, as vendas de aços longos avançaram 8,2%, para 1,07 milhão de toneladas, e as de planos subiram 28,8%, para 367 mil toneladas. As exportações de longos — como vergalhões — cresceram 16,2%, para 424 mil toneladas, mas de planos — bobinas, chapas — ficaram 61,7% menores, em 18 mil toneladas.
Enquanto isso, na América do Norte as vendas tiveram alta de 8,3%, para 1,69 milhão de toneladas. O Ebitda cresceu 58%, mas o ganho de margem foi bem menos relevante, de 4,3% para 5,6%. A performance dessa região para a Gerdau tem sido observada de perto pelo mercado por conta principalmente da pressão de custos que deteriorou a rentabilidade em períodos recentes.
Na América do Sul, as vendas caíram 23,1%, para 376 mil toneladas, durante o trimestre. O Ebitda, mesmo assim, subiu 57,1%, para R$ 187 milhões, e a margem foi de 11,9% para 19,3%. No segmento de aços especiais, o volume comercializado somou 514 mil toneladas, 16,6% a mais, e o Ebitda aumentou em 63,2%, para R$ 315 milhões. A margem foi de 14,2% para 18,2%.